Há precisamente dois anos, nos dias 15 e 16 de Outubro de 2017, um gigantesco incêndio arrasou grande parte da Gândara, sobretudo a metade litoral e oeste desta sub-região. Iniciou-se na Freguesia de Quiaios (no Concelho da Figueira da Foz), avançando rapidamente e descontroladamente para Norte, só tendo parado já no Concelho de Aveiro.
A consequência obviamente mais visível desta catástrofe foi a destruição da imensa paisagem florestal da Gândara, quer nas matas nacionais, quer em inúmeras plantações de árvores privadas, embora também tenha causado avultados prejuízos em infraestruturas industriais, casas de habitação, veículos e explorações agrícolas e/ou pecuárias. Felizmente, neste canto do país, não houve perda de vidas humanas a lamentar. Outros recantos do Portugal esquecido e ostracizado tiveram menos sorte...
Este incêndio foi um dos principais ocorridos no terrível ano de 2017, o pior de sempre em Portugal (pelo menos desde que há registos estatísticos), com mais de meio-milhão de hectares de área ardida e a perda de mais de uma centena de vidas humanas. Devastação esta que arrasou sobretudo a Zona Centro do país.
A partir das duas imagens seguintes, que aconselho os leitores a ampliar e visualizar em outra janela do browser, dá para ter uma ideia precisa da área destruída na Gândara no grande incêndio de 15-16 de Outubro de 2017, bem como da área ardida na Região Centro no ano de 2017, esse terrível ano de péssimas memórias, que todos esperamos que nunca mais se repita:
Para recordar esta triste efeméride, (e também para tentar ressuscitar este blog, que anda há quase dois anos voltado ao abandono, por minha culpa), deixo aqui algumas fotos, tiradas em Agosto de 2019 (durante uma volta de bicicleta), de um local de armazenamento temporário de muitas toneladas de madeira queimada (possivelmente um valor na casa das milhares de toneladas), provenientes de milhares de antigos pinheiros que em tempos fizeram parte da grande floresta costeira da Gândara, que os nossos antepassados criaram com tanto trabalho e despesa nas décadas de 20 e 30 do século XX, onde antes havia um deserto de dunas arenosas.
Esta madeira queimada encontra-se temporariamente armazenada no antigo e abandonado Campo de Futebol das Levadias, que foi durante aproximadamente três décadas a casa da União Desportiva da Tocha, até esta agremiação desportiva transferir as suas actividades para o Complexo Desportivo da Tocha, situado nas proximidades.
Neste local de antigas memórias desportivas, esta imensa quantidade acumulada de madeira queimada, testemunho silencioso do que em tempos foi uma floresta, aguarda o seu transporte para outras zonas do país, onde será feito o seu aproveitamento industrial.
Quando houver na Gândara uma nova floresta de árvores crescidas digna desse nome, se ela voltar a existir, possivelmente tal demorará tanto tempo que já cá não estarei e pouco restará dos meus ossos, muito menos dos meus olhos para a poder observar ou dos meus pés para a poder calcorrear novamente. Triste realidade...
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