Burnt areas in the great fire of 15 and 16 October of 2017:
The days 15 (a Sunday) and 16 (a Monday) of October of 2017 were days of tragedy in the Center Region of Portugal, with several huge fires devastating the region and causing more than 40 deaths.
In 15 of October, in a day with unusual weather conditions for this time of year, with high temperatures, very low humidity and strong winds, in a year of extreme drought, more than 500 fires started in the whole country in just one day, with several becoming huge fires, mainly in the Center Region. There are obvious suspicions that organised crime is behind many of these fires.
One of these huge fires devastated the sub-region of Gândara during two days (15 and 16), causing unthinkable damages in the municipalities of Mira (most devastated municipality), Cantanhede, Figueira da Foz and Vagos, destroying forestry areas, agricultural lands, houses, factories and vehicles.
This fire devastated nearly three quarters of the area of my Civil Parish, Tocha.
I made a few prints of maps, using this site (click), showing the burnt areas in the sub-region of Gândara and in the Center Region of Portugal (areas in orange and red, during the fires of 15 and 16 of October of 2017, and since the beginning of the year (areas in yellow and light blue)).
The days 15 (a Sunday) and 16 (a Monday) of October of 2017 were days of tragedy in the Center Region of Portugal, with several huge fires devastating the region and causing more than 40 deaths.
In 15 of October, in a day with unusual weather conditions for this time of year, with high temperatures, very low humidity and strong winds, in a year of extreme drought, more than 500 fires started in the whole country in just one day, with several becoming huge fires, mainly in the Center Region. There are obvious suspicions that organised crime is behind many of these fires.
One of these huge fires devastated the sub-region of Gândara during two days (15 and 16), causing unthinkable damages in the municipalities of Mira (most devastated municipality), Cantanhede, Figueira da Foz and Vagos, destroying forestry areas, agricultural lands, houses, factories and vehicles.
This fire devastated nearly three quarters of the area of my Civil Parish, Tocha.
I made a few prints of maps, using this site (click), showing the burnt areas in the sub-region of Gândara and in the Center Region of Portugal (areas in orange and red, during the fires of 15 and 16 of October of 2017, and since the beginning of the year (areas in yellow and light blue)).
Área Ardida no Grande Incêndio de 15-16 de Outubro de 2017:
(Actualizado em 25/10/2017:)
Tal como milhares de Gandareses, ainda estou incrédulo e sem palavras para exprimir o que sinto em relação ao desastre que se abateu sobre esta região nos dias 15 e 16 de Outubro de 2017 (um Domingo e uma Segunda-feira), em que um terrível incêndio devastou a maior parte das áreas de florestas nacionais e terrenos privados do Litoral da Gândara, com prejuízos incalculáveis em habitações e seus anexos, instalações industriais, matas nacionais, plantações de árvores para produção de madeiras industriais ou de fruticultura, terrenos agrícolas e veículos. Em termos pessoais, também tive alguns prejuízos, mas tenho consciência de que há milhares de pessoas que certamente estarão muito pior do que eu.
Fazendo uma estimativa por alto, pela visualização de mapas e pelas voltas que já dei pelo terreno, diria que cerca de 3/4 da área da minha freguesia (Tocha) terá ardido neste incêndio.
Este incêndio começou ao princípio da tarde do dia 15/10/2017, na freguesia de Quiaios, no Concelho da Figueira da Foz, e propagou-se rapidamente para Norte, por acção dos ventos fortes, atingindo sucessivamente os concelhos de Cantanhede, Mira e Vagos.
E apesar de tudo isto, a destruição ocorrida na Gândara foi apenas uma parte da destruição total que se abateu sobre Portugal e sobretudo sobre a Região Centro do país, nestes dias fatídicos. Foi no Interior-Centro do País que se concentrou a maior parte da área ardida, a quase totalidade das mais de 40 vítimas mortais (que já ultrapassam as 100 em 2017), bem como o maior número de habitações e instalações empresariais destruídas, não esquecendo as pessoas desalojadas.
Sobre as origens destes incêndios, muito haveria para falar.
Tentando resumir os acontecimentos, nestes dias, factores meteorológicos pouco comuns causaram temperaturas elevadas para a época do ano, com humidade do ar reduzida e ventos fortes a soprarem de direcções distintas, num ano de seca extrema com severos efeitos na vegetação e nos solos. Possivelmente efeitos nefastos do Aquecimento Global.
Há fortes suspeitas, enraizadas nas populações locais, de que estas condições naturais explosivas terão sido aproveitadas ao máximo por organizações criminosas bem organizadas, porque é muito difícil acreditar que os mais de 500 incêndios que surgiram em Portugal no dia 15/10/2017, tenham sido todos causados por pirómanos incendiários individuais, negligência humana (queimadas, cigarros...) ou causas naturais. A isto se junta o histórico de casos suspeitos do passado. Ou os números extraordinários de incêndios que começam de noite e madrugada. E mais não digo...
O facto é que no dia 15/10/2017 ocorreram dezenas de incêndios de grande dimensão por todo o país, sobretudo no Centro e Norte de Portugal Continental.
Com esta dispersão de grandes incêndios, tornou-se difícil enviar reforços em bombeiros, viaturas e meios aéreos para outras regiões, impedindo a concentração de meios que é possível quando há apenas um ou dois incêndios de grande dimensão a ocorrerem no país.
Como resultado deste contexto, as várias regiões afectadas pelos grandes incêndios quase só puderam contar com os meios das corporações locais de bombeiros, em homens e viaturas, bem como das próprias populações locais, que se mobilizaram com as suas ferramentas e alfaias agrícolas. E estes meios reduzidos foram manifestamente insuficientes para travar os enormes incêndios que ocorreram, apesar da entrega e heroísmo de quem esteve no terreno. Com algumas dezenas de homens e viaturas não é possível controlar frentes de incêndio de muitas dezenas de quilómetros.
O próprio David da Bíblia tinha maiores probabilidades de sucesso quando lutou contra Golias.
Este contexto desfavorável obviamente não iliba de sérias responsabilidades o Governo actual e os anteriores, porque muito foi negligenciado ao nível da prevenção, da organização e coordenação de meios, da dotação de meios humanos e materiais, do planeamento florestal e urbano, bem como da investigação e punição de comportamentos criminosos. O facto de aproximadamente metade da área ardida na Europa se situar num único país, Portugal, é um sintoma evidente de que algo vai muito mal por cá.
Voltando à Sub-Região da Gândara, para dar ao leitor uma ideia aproximada das áreas afectadas por este grande incêndio, tirei alguns prints da área ardida no site no Programa Copernicus, da União Europeia:
(Aconselho também a abrir esta imagem:)
Área ardida nas zonas mais afectadas da Região Centro, durante a última semana:
Área ardida nas zonas mais afectadas da Região Centro, desde o início do ano, englobando a semana passada (áreas a vermelho) e desde o início do ano (áreas a azul-claro, amarelo e laranja), englobando por exemplo a área atingida pelos trágicos incêndios de Pedrógão Grande (que provocaram 64 vítimas mortais), ou, para dar um exemplo mais perto da Gândara, os incêndios que ocorreram este Verão entre Cantanhede, Mealhada e Coimbra:
As áreas coloridas representam a área que já ardeu nesta parte da Região Centro durante este ano, a laranja na semana passada, a amarelo durante o mês passado e a azul-claro desde o início do ano. Foi um ano absolutamente catastrófico para a Região Centro!
Antes deste incêndio de proporções que antes eram inimagináveis para os gandareses, a referência anterior em termos de pior catástrofe era o grande incêndio ocorrido no Verão de 1993, que durante uns três ou quatro dias devastou a floresta litoral da Gândara, entre a Figueira da Foz e Mira.
Se o leitor quiser obter informações históricas sobre o grande incêndio de 1993, que agora certamente cairá no esquecimento, poderá consultar este estudo científico:
https://www.uc.pt/fluc/nicif/Publicacoes/Colectaneas_Cindinicas/Download/Colecao_IV/Artigo_VII.pdf