Mostrar mensagens com a etiqueta Florestas / Pinhais. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Florestas / Pinhais. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, 2 de abril de 2021

Orientação e aproveitamento desportivo do que sobrou da floresta:

Depois do grande incêndio de 15 e 16 de Outubro de 2017, pouco restou da grande floresta costeira que outrora existiu no litoral da Gândara. Ficaram apenas duas pequenas áreas triangulares de floresta nos seus cantos Sudoeste e Noroeste, devidas sobretudo à direção dos ventos nesses dois dias fatídicos (ver primeira imagem).

Essas duas pequenas áreas triangulares de floresta foram utilizadas como cenário do "Portugal "O" Meeting 2019" (clicar para aceder ao site do evento), um evento internacional desportivo de Orientação, de vários dias, que se realizou em Março de 2019, sediado na Figueira da Foz.

Apesar de o evento estar sediado no Concelho da Figueira da Foz e com a maioria das provas realizadas na área florestal próxima de Quiaios, deu um pequeno saltinho de uma manhã até ao Concelho de Cantanhede e Freguesia da Tocha, com uma das provas do evento realizada na pequena área florestal sobrevivente nas imediações da Praia do Palheirão.

Optei por referir este acontecimento pelo facto curioso e insólito de ele ter atraído alguns milhares de pessoas (incluindo muitas centenas de atletas estrangeiros e seus familiares, sobretudo originários de países da Escandinávia e Europa Central ou de Leste) para um canto da Gândara que normalmente permanece deserto e desolado do ponto de vista humano, com exceção dos poucos veraneantes, turistas, curiosos, escuteiros, pescadores ou nudistas que se aventuram até à Praia Deserta do Palheirão, situada nas proximidades, sobretudo no Verão ou final da Primavera.

Esta presença de uma multidão de forasteiros e estrangeiros na Gândara, para mais num cantinho remoto da sub-região, também contrasta fortemente com o contexto da actual pandemia global de COVID-19, que veio alterar radicalmente a vida quotidiana das sociedades humanas.

Deixo então algumas fotos do evento, tiradas em Março de 2019, durante uma volta matinal de bicicleta:














Localização:

quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Toneladas e toneladas de madeira do quem em tempos foi uma floresta:


Há precisamente dois anos, nos dias 15 e 16 de Outubro de 2017, um gigantesco incêndio arrasou grande parte da Gândara, sobretudo a metade litoral e oeste desta sub-região. Iniciou-se na Freguesia de Quiaios (no Concelho da Figueira da Foz), avançando rapidamente e descontroladamente para Norte, só tendo parado já no Concelho de Aveiro.

A consequência obviamente mais visível desta catástrofe foi a destruição da imensa paisagem florestal da Gândara, quer nas matas nacionais, quer em inúmeras plantações de árvores privadas, embora também tenha causado avultados prejuízos em infraestruturas industriais, casas de habitação, veículos e explorações agrícolas e/ou pecuárias. Felizmente, neste canto do país, não houve perda de vidas humanas a lamentar. Outros recantos do Portugal esquecido e ostracizado tiveram menos sorte... 

Este incêndio foi um dos principais ocorridos no terrível ano de 2017, o pior de sempre em Portugal (pelo menos desde que há registos estatísticos), com mais de meio-milhão de hectares de área ardida e a perda de mais de uma centena de vidas humanas. Devastação esta que arrasou sobretudo a Zona Centro do país.

A partir das duas imagens seguintes, que aconselho os leitores a ampliar e visualizar em outra janela do browser, dá para ter uma ideia precisa da área destruída na Gândara no grande incêndio de 15-16 de Outubro de 2017, bem como da área ardida na Região Centro no ano de 2017, esse terrível ano de péssimas memórias, que todos esperamos que nunca mais se repita:




Para recordar esta triste efeméride, (e também para tentar ressuscitar este blog, que anda há quase dois anos voltado ao abandono, por minha culpa), deixo aqui algumas fotos, tiradas em Agosto de 2019 (durante uma volta de bicicleta), de um local de armazenamento temporário de muitas toneladas de madeira queimada (possivelmente um valor na casa das milhares de toneladas), provenientes de milhares de antigos pinheiros que em tempos fizeram parte da grande floresta costeira da Gândara, que os nossos antepassados criaram com tanto trabalho e despesa nas décadas de 20 e 30 do século XX, onde antes havia um deserto de dunas arenosas.

Esta madeira queimada encontra-se temporariamente armazenada no antigo e abandonado Campo de Futebol das Levadias, que foi durante aproximadamente três décadas a casa da União Desportiva da Tocha, até esta agremiação desportiva transferir as suas actividades para o Complexo Desportivo da Tocha, situado nas proximidades.

Neste local de antigas memórias desportivas, esta imensa quantidade acumulada de madeira queimada, testemunho silencioso do que em tempos foi uma floresta, aguarda o seu transporte para outras zonas do país, onde será feito o seu aproveitamento industrial.


Quando houver na Gândara uma nova floresta de árvores crescidas digna desse nome, se ela voltar a existir, possivelmente tal demorará tanto tempo que já cá não estarei e pouco restará dos meus ossos, muito menos dos meus olhos para a poder observar ou dos meus pés para a poder calcorrear novamente. Triste realidade...












Localização:

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Elas Sobreviveram ao Incêndio! Mas Sobreviverão à Seca?


Num dos últimos dias de Outubro de 2017, durante uma das voltas de bicicleta que dei para ver a destruição causada pelo grande incêndio que devastou a Gândara nesse mês, encontrei algumas dezenas de Rãs (espécimes de Rã-verde ou Rã-comum (Rana perezi ou Pelophylax perezi)), concentradas numa minúscula poça de água com alguns escassos centímetros de profundidade, no fundo de um buraco, localizado na floresta, na Freguesia da Tocha e Concelho de Cantanhede. Foi um momento de alegria efémera no meio de horas de profunda tristeza, por vislumbrar alguma vida no meio daquele cenário dantesco de quilómetros e quilómetros seguidos de destruição.
Penso que os buracos como este, dos quais existem algumas dezenas na floresta, terão sido escavados pelos Serviços Florestais nos anos 90, para os animais selvagens que deambulam pela floresta poderem beber água.

Não deixa de ser curiosa e trágica a situação destas Rãs. Elas conseguiram sobreviver mesmo no meio do terrível incêndio, que destruiu quase todas as árvores existentes num raio de alguns quilómetros em redor do pequeno charco delas. Contudo, elas arriscam-se a morrer devido à seca extrema que atinge o país, se esta minúscula poça de água secar por completo.
Conseguirão elas sobreviver?










Localização:


quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Área Ardida no Grande Incêndio de 15-16 de Outubro de 2017:

 
Burnt areas in the great fire of 15 and 16 October of 2017:

The days 15 (a Sunday) and 16 (a Monday) of October of 2017 were days of tragedy in the Center Region of Portugal, with several huge fires devastating the region and causing more than 40 deaths.

In 15 of October, in a day with unusual weather conditions for this time of year, with high temperatures, very low humidity and strong winds, in a year of extreme drought, more than 500 fires started in the whole country in just one day, with several becoming huge fires, mainly in the Center Region. There are obvious suspicions that organised crime is behind many of these fires.

One of these huge fires devastated the sub-region of Gândara during two days (15 and 16), causing unthinkable damages in the municipalities of Mira (most devastated municipality), Cantanhede, Figueira da Foz and Vagos, destroying forestry areas, agricultural lands, houses, factories and vehicles.
This fire devastated nearly three quarters of the area of my Civil Parish, Tocha.

I made a few prints of maps, using this site (click), showing the burnt areas in the sub-region of Gândara and in the Center Region of Portugal (areas in orange and red, during the fires of 15 and 16 of October of 2017, and since the beginning of the year (areas in yellow and light blue)).
  

Área Ardida no Grande Incêndio de 15-16 de Outubro de 2017: 
(Actualizado em 25/10/2017:)
Tal como milhares de Gandareses, ainda estou incrédulo e sem palavras para exprimir o que sinto em relação ao desastre que se abateu sobre esta região nos dias 15 e 16 de Outubro de 2017 (um Domingo e uma Segunda-feira), em que um terrível incêndio devastou a maior parte das áreas de florestas nacionais e terrenos privados do Litoral da Gândara, com prejuízos incalculáveis em habitações e seus anexos, instalações industriais, matas nacionais, plantações de árvores para produção de madeiras industriais ou de fruticultura, terrenos agrícolas e veículos. Em termos pessoais, também tive alguns prejuízos, mas tenho consciência de que há milhares de pessoas que certamente estarão muito pior do que eu. 
Fazendo uma estimativa por alto, pela visualização de mapas e pelas voltas que já dei pelo terreno, diria que cerca de 3/4 da área da minha freguesia (Tocha) terá ardido neste incêndio.

Este incêndio começou ao princípio da tarde do dia 15/10/2017, na freguesia de Quiaios, no Concelho da Figueira da Foz, e propagou-se rapidamente para Norte, por acção dos ventos fortes, atingindo sucessivamente os concelhos de Cantanhede, Mira e Vagos.

E apesar de tudo isto, a destruição ocorrida na Gândara foi apenas uma parte da destruição total que se abateu sobre Portugal e sobretudo sobre a Região Centro do país, nestes dias fatídicos. Foi no Interior-Centro do País que se concentrou a maior parte da área ardida, a quase totalidade das mais de 40 vítimas mortais (que já ultrapassam as 100 em 2017), bem como o maior número de habitações e instalações empresariais destruídas, não esquecendo as pessoas desalojadas.

Sobre as origens destes incêndios, muito haveria para falar.

Tentando resumir os acontecimentos, nestes dias, factores meteorológicos pouco comuns causaram temperaturas elevadas para a época do ano, com humidade do ar reduzida e ventos fortes a soprarem de direcções distintas, num ano de seca extrema com severos efeitos na vegetação e nos solos. Possivelmente efeitos nefastos do Aquecimento Global.

Há fortes suspeitas, enraizadas nas populações locais, de que estas condições naturais explosivas terão sido aproveitadas ao máximo por organizações criminosas bem organizadas, porque é muito difícil acreditar que os mais de 500 incêndios que surgiram em Portugal no dia 15/10/2017, tenham sido todos causados por pirómanos incendiários individuais, negligência humana (queimadas, cigarros...) ou causas naturais. A isto se junta o histórico de casos suspeitos do passado. Ou os números extraordinários de incêndios que começam de noite e madrugada. E mais não digo...

O facto é que no dia 15/10/2017 ocorreram dezenas de incêndios de grande dimensão por todo o país, sobretudo no Centro e Norte de Portugal Continental.

Com esta dispersão de grandes incêndios, tornou-se difícil enviar reforços em bombeiros, viaturas e meios aéreos para outras regiões, impedindo a concentração de meios que é possível quando há apenas um ou dois incêndios de grande dimensão a ocorrerem no país.

Como resultado deste contexto, as várias regiões afectadas pelos grandes incêndios quase só puderam contar com os meios das corporações locais de bombeiros, em homens e viaturas, bem como das próprias populações locais, que se mobilizaram com as suas ferramentas e alfaias agrícolas. E estes meios reduzidos foram manifestamente insuficientes para travar os enormes incêndios que ocorreram, apesar da entrega e heroísmo de quem esteve no terreno. Com algumas dezenas de homens e viaturas não é possível controlar frentes de incêndio de muitas dezenas de quilómetros.
O próprio David da Bíblia tinha maiores probabilidades de sucesso quando lutou contra Golias.

Este contexto desfavorável obviamente não iliba de sérias responsabilidades o Governo actual e os anteriores, porque muito foi negligenciado ao nível da prevenção, da organização e coordenação de meios, da dotação de meios humanos e materiais, do planeamento florestal e urbano, bem como da investigação e punição de comportamentos criminosos. O facto de aproximadamente metade da área ardida na Europa se situar num único país, Portugal, é um sintoma evidente de que algo vai muito mal por cá.


Voltando à Sub-Região da Gândara, para dar ao leitor uma ideia aproximada das áreas afectadas por este grande incêndio, tirei alguns prints da área ardida no site no Programa Copernicus, da União Europeia:




(Aconselho também a abrir esta imagem:)









Área ardida nas zonas mais afectadas da Região Centro, durante a última semana:



Área ardida nas zonas mais afectadas da Região Centro, desde o início do ano, englobando a semana passada (áreas a vermelho) e desde o início do ano (áreas a azul-claro, amarelo e laranja), englobando por exemplo a área atingida pelos trágicos incêndios de Pedrógão Grande (que provocaram 64 vítimas mortais), ou, para dar um exemplo mais perto da Gândara, os incêndios que ocorreram este Verão entre Cantanhede, Mealhada e Coimbra:

As áreas coloridas representam a área que já ardeu nesta parte da Região Centro durante este ano, a laranja na semana passada, a amarelo durante o mês passado e a azul-claro desde o início do ano. Foi um ano absolutamente catastrófico para a Região Centro!



Antes deste incêndio de proporções que antes eram inimagináveis para os gandareses, a referência anterior em termos de pior catástrofe era o grande incêndio ocorrido no Verão de 1993, que durante uns três ou quatro dias devastou a floresta litoral da Gândara, entre a Figueira da Foz e Mira.

Se o leitor quiser obter informações históricas sobre o grande incêndio de 1993, que agora certamente cairá no esquecimento, poderá consultar este estudo científico:

https://www.uc.pt/fluc/nicif/Publicacoes/Colectaneas_Cindinicas/Download/Colecao_IV/Artigo_VII.pdf



segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

A Praia da Costinha:

A Praia da Costinha é uma praia deserta, localizada na Freguesia do Bom Sucesso, no Concelho da Figueira da Foz. Apesar de o caminho de acesso e a praia propriamente dita estarem localizados na Freguesia do Bom Sucesso, a parte da área envolvente situada a aproximadamente meio quilómetro a Sul (englobando parte do areal da praia, das dunas e da floresta), já pertence à Freguesia de Quiaios, também no mesmo Concelho da Figueira da Foz. 

Esta praia está rodeada por vários quilómetros de costa deserta e floresta, não existindo nenhuma casa habitada num raio de uns cinco quilómetros. A praia situa-se a aproximadamente 7-8 Km a Sul da Praia da Tocha e a cerca de 5-6 Km a Norte da Praia da Quiaios, estando assim quase no meio de uma extensa faixa costeira de praias desertas contínuas. 

Em tempos existiu aí um único edifício habitado, um pequeno posto da Guarda Fiscal, que foi abandonado nos anos 70 e demolido em finais dos anos 90, por razões que eu desconheço. Por vezes pernoitavam lá alguns aventureiros de passagem, que costumavam deixar algumas inscrições nas paredes, para recordar a sua passagem.

Esta praia deserta é acessível de automóvel, através de uma estrada florestal alcatroada e de um caminho de acesso de terra batida com cerca de três quilómetros de comprimento, mas ambos encontram-se em mau estado de conservação e cheios de buracos. Recomendo por isso muita prudência e velocidades reduzidas aos automobilistas que aqui se queiram deslocar.

Sendo um local remoto e de difícil acesso, bem como pouco conhecido fora desta região, esta praia nunca é frequentada por grandes multidões, mesmo no Verão. Mas durante todo o ano lá vão aparecendo alguns poucos turistas ocasionais, alguns aventureiros, vários pescadores desportivos à cana, e, sobretudo no Verão, alguns banhistas, naturistas / nudistas e turistas estrangeiros em auto-caravanas, não existindo mais do que umas poucas dezenas de pessoas na praia, mesmo nos dias mais frequentados. Também já lá estive algumas vezes em que pude verificar que eu era a única pessoa que lá estava.

Deixo aqui algumas fotos da Praia da Costinha, tiradas em Julho de 2013 e Maio de 2010, ambas as vezes durante passeios de BTT.


The "Praia da Costinha":

Praia da Costinha is a desert beach, located in the Civil Parish of Bom Sucesso and in the Municipality of Figueira da Foz. The area located approximately half quilometer south of the beach, belongs to the Civil Parish of Quiaos, in the same Municipality.

This is a true desert beach, surrounded only by forest, dunes and many quilometers of desert coast, without any inhabited building in a radius of five quilometers. The beach is located some 7-8 quilometers south of Tocha Beach and some 5-6 quilometers north of Quiaios Beach. A few decades ago, this beach had only one inhabited building, a small station / house of Guarda Fiscal (Fiscal Guard), unused since the 70s and demolished in the end 90s.

This beach is accessible by car, driving in the nearby forest road and turning to a gravel road, which gives access to the beach. But both roads are in bad condition, full of holes, so i advise to drive slowly and very carefully.

Being a remote place,  without an easy access, and little known outside the region, this beach is not visited by many people. I usually see a few adventurers, fishermen and, in the Summer, a few naturists / nudists and a few foreign tourists in recreational vehicles (RVs). It's possible to be the only person in this lonely beach, it already happened to me a few times.

I present a few photos of Praia da Costinha, taken in July of 2013 and May of 2010, both times during mountain bike rides.

Julho de 2013 / July of 2013:














Maio de 2010 / May of 2010: 












Localização / Location: