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domingo, 5 de maio de 2013

A fotografar Rãs Comuns, mas cada vez menos comuns!

Num dia de Fevereiro de 2013, fui dar uma caminhada a pé, percorrendo a zona entre a Tocha e a Lagoa das Braças. Para além dos objectivos habituais de tirar umas fotos pelo caminho e fazer algum exercício, tinha também em mente observar quais os estragos que o grande temporal de 19 de Janeiro de 2013 tinha feito na zona das lagoas.

Dei uma vista de olhos num poço de rega de uma terra em pousio, localizado perto da Lagoa do Palhal (falei acerca desta (ex-)lagoa no penúltimo post (clicar para o ler)), onde tirei algumas fotos a alguns exemplares de rãs da espécie Rã-verde ou Rã-comum (Rana perezi ou Pelophylax perezi), a qual é a espécie de anfíbios mais numerosa em Portugal. Estes exemplares foram fáceis de observar e fotografar, pois estavam retidos num pequeno habitat fechado e o nível de água do poço estava quase ao nível do solo. Mas se os quisesse fotografar nos seus habitats naturais (tais como lagoas, charcos ou ribeiras), especialmente num grupo com vários indivíduos, tal não seria tão fácil.

Apesar de esta espécie de rãs ser bastante comum e numerosa (daí um dos nomes da espécie), noto que as suas populações têm diminuído bastante durante as últimas décadas, à semelhança do que tem acontecido com outras espécies de anfíbios. Em locais onde há 20-25 anos observava facilmente várias dezenas de indivíduos, hoje já se torna difícil encontrar alguns. Por vezes, só os sons que emitem (o seu conhecido coaxar), me indicam que ainda existem rãs a viver nesses locais.

Muitas são as causas que a ciência indica para esta grande diminuição das populações de anfíbios, como a poluição das águas dos locais onde habitam (causada por pesticidas, fertilizantes químicos e efluentes  domésticos ou industriais), ou as alterações climáticas.

Contudo, também existe vária documentação científica, disponível na Internet, que relaciona a diminuição das populações de anfíbios em Portugal com a invasão dos seus habitats por espécies invasoras predadoras, introduzidas pelo homem, sendo uma das principais o Lagostim-vermelho da Louisiana (Procambarus clarkii), que inclui na sua alimentação ovos, girinos e juvenis de anfíbios. O Lagostim-vermelho terá sido introduzido em Espanha nos anos 70 (na zona de Badajoz, em 1973), por particulares, com fins alimentares e comerciais. Aos poucos, esta espécie foi-se espalhando por toda a Península Ibérica, tendo-se tornado comum na Gândara nos princípios da década de 90.

Photographing frogs:

In one day of February of 2013, i went to a hike, during all day, walking through areas of "lagoons" (fresh water lakes), agricultural fields and forests, between the town of Tocha and "Lagoa das Braças" (a lake); to make some physical exercise, take pictures and see the damage caused in the area by the big storm of 19 january.

One of the places where I took pictures, was in a water well made to agricultural irrigation, located west of the village of Castanheiro (located in the Civil Parish of Bom Sucesso and Municipality of Figueira da Foz), where there were a few frogs (Perez's Frog, Rana perezi or Pelophylax perezi). In Portugal, this species is also known as Green Frog or Common Frog. Is also the most abundant species of amphibians.

Although this species is abundant, their numbers have fallen sharply over the past decades, as also happened to other species of amphibians. In places like lakes, ponds or streams, where i remember to see many frogs when i was young, two decades ago; nowadays is hard to find a few frogs.

The populations of amphibians are decreasing in many places of the world, because of common causes like water pollution, destruction of habitats and climate changes.

But in the particular case of the amphibians in Portugal  (there are scientific texts available in the Internet about it), one important cause is the introduction of "non-indigenous" invasive species, like the Red Swamp Crayfish (Procambarus clarkii). This species eats many things, including eggs, tadpoles and young individuals of amphibian species. It is believed that the Red Swamp Crayfish was introduced in the South of Spain in the 70's (by a few businessmen of the food industry). This species started to spreading to all the Iberian Peninsula in the following years. Around 1990-1992, it reached the lakes, ponds and streams of the Region of Gândara.








sexta-feira, 22 de março de 2013

A (ex-) Lagoa do Palhal:

A Lagoa do Palhal situa-se a Oeste da localidade do Castanheiro, na Freguesia do Bom Sucesso e Concelho da Figueira da Foz. Localiza-se igualmente a cerca de 300 metros a Sul da Lagoa da Vela (à qual deverá ter pertencido há uns 2 ou 3 séculos atrás). Aliás, passa na Lagoa do Palhal a vala que parte do sul da Lagoa da Vela, por onde sai o excesso de águas pluviais desta (esta vala passa por baixo da EN 109, no Camarção).

Outro ponto de referência próximo é o Parque Desportivo das Lagoas (propriedade da União Desportiva da Gândara, que aí realiza os seus treinos e jogos de futebol), estando esta lagoa situada a uns 100 metros a Sudeste desta infraestrutura desportiva.

Na prática, talvez este local já não se possa considerar uma lagoa, uma vez que já não é visível a superfície de água. Hoje resta um "palhal" pantanoso, repleto de vegetação aquática e árvores características destas zonas lagunares, ocupando uma área aproximada de meio hectare.

Segundo uma conversa que tive há uns anos com um senhor idoso desta região, há cerca de 70-80 anos atrás esta Lagoa teria uma grande superfície de água visível, profunda e limpa, ocupando uma área de aproximadamente um hectare. Contudo, partilhando o destino de outras pequenas lagoas da zona, foi reduzida ao seu estado actual após décadas de lento assoreamento natural e de aterros para ampliar os campos agrícolas circundantes. 

Campos esses que há várias décadas atrás eram vitais para a sobrevivência das populações locais, numa época em que ainda havia acentuado crescimento demográfico, muita pobreza (ainda sem Estado Social), em que a economia regional era quase totalmente baseada na Agricultura. Hoje muitos destes campos agrícolas estão abandonados ou foram florestados, com espécies de árvores destinadas a produzir madeiras para fins industriais (pinheiros, eucaliptos, choupos...).

Para finalizar, digo ao leitor para interpretar esta lagoa como uma espécie de aviso ou de premonição sombria, dirigida às autoridades públicas (locais e nacionais), bem como aos habitantes da região: - Se nada for feito, será provavelmente este o aspecto futuro de outras lagoas da zona, daqui a uns 20-30 anos (lagoas da Vela, Teixoeiros, Salgueira...)!

The ex-"Lagoa do Palhal":

The "Lagoa do Palhal" is a small lake (or pond), located in the Civil Parish of Bom Sucesso  (part of the Municipality of Figueira da Foz). The Lagoa do Palhal is located:
- some 350 yards South of Lagoa da Vela (the biggest and most known of the small lakes of this region, defined in Portugal as Lagoas (lagoons), although they are of fresh water and not connected to the sea (they were connected in the past, but many centuries ago)). In a distant past, both were the same lake.
- west of the village of Castanheiro.
- some 100 yards to Southeast of the football fields ( soccer, if you are in USA ), belonging to the União Desportiva da Gândara, a sports club.

But, to be truth, this place can't be called a lake or pond anymore, because the water surface is not visible. Today this place is some kind of swamp, filled with aquatic plants and water trees, with an area of less of an hectare. A few years ago, an old man told me that some 70-80 years ago, this place was a real lake, bigger, with more than the double of the area it has today.

But after decades of slow natural aggradation and land reclamation to expand the surrounding agricultural fields, the ex-lake almost disappeared (as also happened to many other lakes and ponds of this region). A few decades ago, these fields were vital to the survival of the local people, in a epoch of high rates of demographic growth, great poverty (without welfare state), and when the economy of the region was based almost entirely in agriculture. Today, some of these agricultural fields are abandoned, empty or forested with trees (like pines and eucalyptus).

I think this ex-lake can be understood as a warning to local authorities and populations. If nothing is done to preserve the other lakes of this region, they will be like this in 20 or 30 years.

Fevereiro de 2013 / February of 2013:


Fevereiro de 2009 / February of 2009:



Abril de 2007 / April of 2007:


Localização / Location: