sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

O Moinho de Água dos Olhos da Fervença:

Numa manhã fria de Dezembro de 2012, resolvi ir fazer uma caminhada, de aproximadamente 25-30 km, com destino à zona norte das Freguesias da Tocha e Sanguinheira, sul da de São Caetano e ao canto noroeste da Freguesia de Cadima (todas estas freguesias estão localizadas no Concelho de Cantanhede).

Como é óbvio, fui tirando umas fotografias pelo caminho, sobretudo aos vários moinhos de água existentes nesta zona. Encontrei alguns moinhos restaurados em anos recentes, um em pleno processo de restauro (na Fervença), e alguns abandonados, em lenta ruína.

Naquele dia só encontrei um moinho de água em funcionamento, na localidade dos Olhos da Fervença (na Freguesia de Cadima). Existem pelo menos outros três moinhos nesta localidade, mas estão todos abandonados e degradados. Entrei em contacto com a a Sra. Nazaré (a qual é proprietária do moinho e moleira, juntamente com outros elementos da sua família), com a ajuda de uns vizinhos. Estive neste moinho aproximadamente uma hora, a tirar umas fotos e a conversar com a Sra. Nazaré (que não conhecia), enquanto esta trabalhava. Esta senhora septuagenária revelou ser uma pessoa bastante simpática, gentil, atenciosa e conversadora, com orgulho da sua actividade e do seu moinho.

Revelou que ainda vão aparecendo clientes suficientes para manter o moinho em funcionamento, apesar de esta ser uma actividade em acentuado declínio desde há algumas décadas. E por vezes sucede, embora raramente, o reduzido caudal da ribeira não permitir moer rapidamente todos os sacos de cereais entregues pelos clientes. Daí que naquele dia o moinho estava em grande azáfama, aproveitando o grande acréscimo de caudal que as abundantes chuvas da véspera tinham trazido à ribeira, depois de um período de seca (com pouca chuva), que se prolongou por mais uns meses do que é habitual.

Curiosamente, aquando da minha visita, o moinho estava a moer trigo (trazido por um cliente distante, de fora da Gândara), apesar de o milho representar a grande parte dos cereais aí moídos.

A conversa também acabou por recair em outros assuntos externos ao moinho, um dos quais foi a questão da insegurança, que muito preocupa as pessoas na faixa etária idosa, bastante vulnerável aos elementos criminosos que nos últimos tempos têm visitado algumas localidades da Gândara. Umas vezes são uns burlões bem apresentados e com grande capacidade de persuasão verbal. Outras alguns ladrões sem escrúpulos, que não hesitam em utilizar violência física extrema para conseguir os seus propósitos. Sinais dos tempos!

Aproveitei algum do material audiovisual recolhido naquela manhã para editar um vídeo. E já fica algum trabalho adiantado para um futuro vídeo dedicado à divulgação dos moinhos de água gandareses.


The Watermill of Olhos da Fervença:

On one cold morning, during December of 2012, i went for a hike of 25-30 km. I walked through areas of the Civil Parishes of Tocha and Sanguinheira (north), São Caetano (south) and Cadima (northwest corner), all located in the Municipality of Cantanhede.

Obviously, I took many pictures along the way, mostly of the watermills existing in this zone. I found some watermills restored in recent years, one in the process of restoration (in the village of Fervença), and a few with signs of being abandoned, who stopped working many years ago (maybe decades for some), in a slow process of ruin.

But that day, i just found only one watermill who was working, in the village of Olhos da Fervença (in the Civil Parish of Cadima). There are at least other three watermills in this village, but they are all abandoned. With the help of some neighbors who were nearby, I started talking with Mrs. Nazaré (she is the owner and miller of this watermill, along with other members of her family).

With her permission, i stayed there one hour, taking pictures and talking with her, while she worked. This septuagenarian lady proved to be a very friendly person, kindly, proud of her labour and her watermill.

Mrs. Nazaré told me that the watermill still have some tens of regular customers, who are enough to keep the watermill working, although this is a traditional activity who is in continuous decline during the last decades. That day, the watermill was in great bustle, enjoying the great increase in the water flow of the stream, brought by the abundant rains of the previous days, after a dry period that lasted for a few more months than usual, almost without rain. Sometimes, but rarely, the scarce amount of water in the stream, who accumulates in the water reservoir of the watermill, does not allow to grind quickly all the grain bags brought by customers.

Interestingly, in the time of my visit, the watermill was producing wheat flour (the wheat was brought by a distant customer, from outside the Region of Gândara), although this watermill works mostly with corn, who is sown in the nearby fields.

With some of the audiovisual stuff collected that morning, i made a short video, who will be incorporated in a future video, about the watermills of this region.




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